terça-feira, 23 de março de 2010

Ah, os pequenos poderes...

Estou para fazer trinta anos e uma das minhas metas para essa nova fase da minha vida é buscar a resignação. Aceitar as coisas que me acontecem da forma como elas vêm é sinal de sabedoria e, com certeza, um sinal de evolução espiritual. Aceitar as pessoas como elas são também. O problema é que, ao que tudo indica, não sou tão evoluída assim. Meu espírito ainda está bem atrasadinho e, sim, eu ainda fico indignada com uma série de coisas. Um exemplo: os pequenos poderes...
Manja o porteiro que te vê todos os dias na empresa e não te deixa subir se você não mostrar o crachá? Pois é. Eu sei que o cara está cumprindo a função dele (cumprindo ordens, como eles adoram dizer. Aliás, esse é mais um jeito "sutil" de jogar na sua cara que alguém MUITO ACIMA DE VOCÊ, SEU RELES FUNCIONÁRIO, deu ordem para não deixar ninguém subir sem o crachá) mas vamos combinar que se dá pra facilitar, pra que complicar?
E segurança de banco? Diz pra mim se o indivíduo precisa olhar pra todo mundo com cara de cú. Não, não precisa. Mas normalmente é assim. Aqui na Globo tenho certeza de que é pré-requisito. Consegue passar o dia de cara amarrada? Tá contratado. E se puder atrapalhar a vida de quem está na fila ganha estrelinha, hein!
Resolvi escrever sobre isso porque ontem rolou um estressezinho básico – que não vou contar aqui – e parei para pensar em várias situações em que as pessoas usam os pequenos poderes para dificultar a vida dos outros. Funciona assim: quanto menor o cargo, mais nego quer provar que manda. Fala não sem nem saber se o que você está pedindo é possível, só pra não perder o costume. Ódio uterino!
Que nem o porteiro do outro prédio que eu morei. Chegamos com a mudança, tínhamos a chave do apartamento, estava chovendo torrencialmente. Acredita que o mané não deixou a gente entrar? Falou que precisávamos de uma autorização da imobiliária. Poxa, nós já tínhamos até recebido os móveis lá, custava ser razoável? Mas não, aquele era o único momento em que ele poderia mandar, exercer seu poder.
Mesma coisa com o síndico (aliás, naquele prédio só tinha gente fina, viu? Vou te contar!). Nossa, como infernizou a nossa vida. Falamos um pouquinho mais alto depois das 22h e o todo poderoso multou sem nem mandar aviso. Tomou um cala boca daqueles quando informamos a administradora que o nosso advogado entraria em contato. Mas, até lá, maior estresse, né?
Sei que no fundo eu deveria ter dó de gente assim, ser superior. Mas eu não consigo. Fico indignada toda vez que alguém dificulta a vida dos outros só para mostrar que pode mais. Não dá pra deixar pra lá. Trinta anos ainda não foram suficientes para me ensinar a não me deixar atingir. Talvez nos próximos trinta eu aprenda. De verdade? Acho que só na outra encarnação.

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