sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Dia da Participação Especial

Minhas amiguinhas balzacas andam muito atarefadas, então, as adesões ao Dia da Participação Especial andam meio escassas. Mas como eu sou brasileira e não desisto nunca, encontrei uma alternativa para o problema. Resolvi publicar um capítulo do livro Comer Rezar Amar, que tem sido meu fiel companheiro há umas duas semanas e que toda mulher – especialmente na faixa dos 30 – deveria ler. Já que minhas amigas não estão com tempo pra colaborar com o blog (o que eu superentendo, quero deixar bem claro), conto com a ajuda da Elizabeth Gilbert, a “Liz”, autora do livro.
Com 31 anos, ela estava casada, tinha a minha tão sonhada casa com jardim e, diferentemente da maioria das mulheres nessa fase, não queria filhos. Aliás, nem queria estar casada. Escolhi o segundo capítulo, em que ela se dá conta de que, apesar de ter tudo que qualquer mulher poderia querer, está extremamente infeliz e sente-se culpada por não vibrar com a ideia de uma casa barulhenta e cheia de crianças.
Mulher é um bicho complicado, né? Ainda mais as balzaquianas. Quem está solteira fica desesperada para casar e ter filhos. E a Liz, cuja vida seguiu perfeitamente o cronograma do que para muitas de nós seria a imagem cristalina da felicidade, só queria ser livre e desimpedida. Vai entender... Acho que, de verdade mesmo, nós nunca estamos satisfeitas. Não aos 30. É uma fase turbulenta e ponto. Mas, pelo menos, não estamos sós na angústia da incerteza. Como eu e você, há muitas outras balzaquianas confusas e cheias de dúvidas por aí, né verdade?
Aproveitem esse trechinho de Comer Rezar Amar. Acho que muita gente vai correr até a livraria para saber como essa busca por todas as coisas da vida vai acabar. Eu estou devorando cada palavra. Espero que vocês gostem!



2

   E uma vez que já estou ali ajoelhada no chão em posição de súplica, deixem-me manter essa posição enquanto viajo no tempo até três anos atrás, até o instante em que toda esta história começou – um instante que também me encontrou nessa mesma exata posição: de joelhos, no chão, rezando.
   No entanto, tudo o mais em relação à cena de três anos atrás era diferente. Daquela vez eu não estava em Roma, mas sim no banheiro do andar de cima da grande casa no subúrbio de Nova York que eu acabara de comprar com meu marido. Eram mais ou menos três horas da manhã de um novembro gelado. Meu marido dormia na nossa cama. Eu estava escondida no banheiro pelo que deveria ser a 47a noite consecutiva, e – como em todas aquelas outras noites – estava soluçando. Soluçando com tanta força, na verdade, que uma grande poça de lágrimas e muco se espalhava à minha frente sobre os ladrilhos do banheiro, um verdadeiro lago formado por toda minha vergonha, medo, confusão e dor.
   Eu não quero mais estar casada.
   Eu estava tentando tanto não saber isso, mas a verdade continuava
a insistir.
   Eu não quero mais estar casada. Não quero morar nesta casa grande.
Não quero ter um filho.
   Mas todos esperavam que eu quisesse ter um filho. Eu estava com 31 anos. Meu marido e eu – estávamos juntos havia oito anos, sendo seis casados – havíamos construído nossa vida inteira com base na expectativa comum de que, uma vez superada a avançada marca dos 30 anos, eu iria querer sossegar e ter filhos. Ambos esperávamos que, a essa altura, eu já tivesse me cansado de viajar e fosse ficar feliz em morar em uma casa grande e barulhenta, cheia de crianças e de colchas feitas a mão, com um jardim nos fundos e um reconfortante ensopado borbulhando em cima do fogão. (O fato de esse ser um retrato bastante fiel da minha mãe é um indicador rápido de como antigamente era difícil para mim perceber a diferença entre eu mesma e a poderosa mulher que havia me criado.) Mas eu não queria nenhuma dessas coisas – e estava arrasada por estar me dando conta disso. Pelo contrário: meus 20 anos haviam chegado ao fim, aquele prazo final dos 30 havia se abatido sobre mim como uma sentença de morte, e eu descobri que não queria engravidar. Continuava esperando querer ter um filho, mas isso não acontecia. E eu conheço a sensação de querer alguma coisa, podem acreditar. Sei muito bem o que é desejo. Mas esse desejo não existia. Além do mais, eu não conseguia parar de pensar no que minha irmã tinha me dito certo dia, enquanto amamentava seu primogênito: “Ter um filho é como fazer uma tatuagem na cara. Você precisa realmente ter certeza de que é isso que você quer antes de se comprometer.”
   Mas como eu poderia voltar atrás agora? Tudo estava no lugar certo. Supostamente, aquele deveria ser o ano. Na verdade, já vínhamos tentando engravidar havia alguns meses. Mas nada tinha acontecido (exceto pelo fato de – em um arremedo quase sarcástico de uma gravidez – eu estar tendo enjôos matinais psicossomáticos e vomitando meu café-da-manhã todos os dias, aflita). E todo mês, quando eu ficava menstruada, via-me sussurrando furtivamente no banheiro: Obrigada,obrigada, obrigada, obrigada por me dar mais um mês de vida.
   Eu vinha tentando me convencer de que isso era normal. Todas as mulheres devem se sentir assim quando estão tentando engravidar, concluí. (“Ambivalente” foi a palavra que usei, evitando a descrição muito mais exata: “inteiramente dominada pelo pânico”.) Vinha tentando me convencer de que os meus sentimentos eram comuns, apesar de todas as provas em contrário – como a conhecida com quem eu havia esbarrado na semana anterior, que acabara de descobrir que estava grávida do primeiro filho depois de gastar dois anos e rios de dinheiro em tratamentos de fertilidade. Ela estava em êxtase. Sempre desejara ser mãe, disse-me. Admitiu que vinha comprando roupinhas de bebê secretamente havia anos, e escondendo-as debaixo da cama, onde seu marido não as encontraria. Vi a alegria em seu rosto e a reconheci. Era uma alegria idêntica à que meu próprio rosto havia irradiado na primavera anterior, no dia em que descobri que a revista para a qual eu trabalhava iria me mandar para a Nova Zelândia para escrever um artigo sobre a busca por uma lula gigante. E pensei: “Até o dia em que eu conseguir sentir o mesmo êxtase em relação a ter um filho que senti em relação a ir para a Nova Zelândia atrás de uma lula gigante, não posso ter um filho.”
   Eu não quero mais estar casada.
   Durante o dia, eu recusava essa idéia, mas à noite ela me consumia. Que catástrofe. Como eu podia ser uma imbecil criminosa a ponto de ir tão fundo em um casamento para no final me separar? Havíamos acabado de comprar aquela casa, um ano antes. Eu não tinha desejado aquela bela casa? Não tinha adorado aquela casa? Então, por que agora passava as noites assombrando seus corredores, uivando como Medéia? Eu não sentia orgulho de tudo o que havíamos acumulado – a elegante casa em Hudson Valley, o apartamento em Manhattan, as oito linhas telefônicas, os amigos, os piqueniques e as festas, os finais de semana percorrendo as gôndolas da hiperloja em forma de caixote preferida, comprando ainda mais aparelhos a crédito? Eu havia participado ativamente de cada instante da criação daquela vida – então, por que sentia que nada daquilo combinava comigo? Por que me sentia tão soterrada pelo dever, cansada de ser o arrimo do casal, a dona de casa, a coordenadora de eventos sociais, a que levava o cachorro para passear, a esposa e a futura mãe, e – em alguns poucos instantes roubados – a escritora…?
   Eu não quero mais estar casada.
   Meu marido dormia no quarto ao lado, na nossa cama. Eu o amava e não conseguia suportá-lo, em igual medida. Não podia acordá-lo para fazê-lo compartilhar o meu desespero – de que adiantaria? Já fazia meses que ele me via desmoronar, acompanhando meu comportamento de louca (ambos concordávamos com essa definição), e eu só o exauria. Ambos sabíamos que havia alguma coisa errada comigo, e ele estava perdendo a paciência com isso. Brigávamos e chorávamos muito, e estávamos cansados daquele jeito que só um casal cujo casamento está acabando pode ficar. Nossos olhos pareciam olhos de refugiados.
   Os muitos motivos pelos quais eu não queria mais estar casada com aquele homem são pessoais demais e tristes demais para serem compartilhados aqui. Muitos deles tinham a ver com coisas minhas, mas uma boa parte dos nossos problemas tinha a ver também com as questões dele. Isso é natural; afinal de contas, há sempre duas pessoas em um casamento – dois votos, duas opiniões, dois conjuntos conflitantes de decisões, desejos e limitações. Mas não considero adequado discutir as questões dele no meu livro. Tampouco pediria a alguém para acreditar que sou capaz de relatar uma versão imparcial da nossa história, portanto, a crônica do fim do nosso casamento não será contada aqui. Também não discutirei aqui todos os motivos pelos quais eu ainda queria ficar casada com ele, nem todas as suas características maravilhosas, nem os motivos que me fizeram amá-lo e me casar com ele, nem os motivos pelos quais eu era incapaz de imaginar a vida sem ele. Não vou abrir nenhuma dessas gavetas. Basta dizer que, naquela noite, ele ainda era, em igual medida, meu farol e minha ave de mau agouro. A única coisa mais inconcebível do que ir embora era ficar; a única coisa mais impossível do que ficar era ir embora. Eu não queria destruir nada nem ninguém. Só queria sair de fininho pela porta dos fundos, sem causar alvoroço nem conseqüências, e depois só parar de correr quando chegasse à Groenlândia.
   Sei que essa parte da minha história não é uma parte feliz. Mas eu a estou compartilhando aqui porque alguma coisa estava prestes a acontecer naquele chão de banheiro que iria mudar para sempre o curso da minha vida – quase como um daqueles superacontecimentos astronômicos malucos, quando um planeta gira no espaço sideral sem nenhum motivo, e seu núcleo incandescente se modifica, reposicionando seus pólos e alterando radicalmente seu formato, de tal modo que a massa inteira do planeta se torna subitamente oblonga em vez de esférica. Alguma coisa assim.
   O que aconteceu foi que comecei a rezar.
   Rezar, sabem – tipo para Deus.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Eu quero os meus óvulos!

Esses pesquisadores escoceses não têm nada melhor pra fazer, não? Estou eu aqui, tranquila no meu cantinho, e me aparece esta manchete: “Maioria das mulheres perde quase 90% dos óvulos até os 30 anos, diz estudo.” Ei, como assim? Isso significa que em cinco meses eu serei apenas 10% capaz de fazer um filho? Olha, isso já é demais pra mim. Posso conviver com cabelos brancos, bunda caída, pochetinha na pança. Mas não aceito perder meus óvulos! Não mesmo!!!
Ah, fiquei muito mal-humorada agora. Receber uma notícia dessas no auge de uma TPM do cão só pode ser castigo. Enfim, segue a matéria da BBC publicada pelo G1. Pelo menos eu não me deprimo sozinha...

Maioria das mulheres perde quase 90% dos óvulos até os 30 anos, diz estudo
Pesquisa escocesa analisou a reserva de óvulos nos ovários de 325 pessoas.

Da BBC
Um estudo das Universidades de St. Andrews e de Edimburgo, na Escócia, mostrou que por volta dos 30 anos a maioria das mulheres já perdeu quase 90% de seus óvulos.
Pela primeira vez uma pesquisa conseguiu avaliar o declínio da "reserva dos ovários", o número em potencial de óvulos com que uma mulher nasce e que pode produzir até a menopausa, por volta dos 50 anos.
A nova pesquisa fornece mais provas para a teoria que afirma que mulheres nascem com um número fixo de óvulos e esse número vai diminuindo com a idade.
"Os modelos anteriores analisaram o declínio na reserva dos ovários, mas não analisaram a dinâmica dessa reserva a partir da concepção", afirmou um dos pesquisadores, Tom Kelsey, da Escola de Ciências de Computação da Universidade de St. Andrews.
"Nosso modelo mostra que, para 95% das mulheres, aos 30 anos apenas 12% da sua reserva máxima dos ovários ainda está presente, e na idade de 40 anos, resta apenas 3% dessa reserva", disse.
A pesquisa foi divulgada na publicação científica "Public Library of Science One".


Diferenças
O estudo coletou informações de 325 mulheres na Grã-Bretanha, Estados Unidos e Europa em idades diferentes e avaliou suas reservas de óvulos.
Segundo os pesquisadores, pode existir uma enorme diferença na quantidade de óvulos produzida por cada mulher. Algumas mulheres apresentam mais de dois milhões de óvulos em suas reservas enquanto outras, destinadas a iniciarem a menopausa mais cedo, têm 35 mil óvulos.
A maioria das mulheres que atingem a menopausa em uma média de idade considerada normal, por volta dos 50 anos, apresentam uma reserva de 295 mil óvulos em cada ovário quando nascem.
Hamish Wallace, do Hospital de Edimburgo para Crianças Doentes e outro autor da pesquisa, afirmou que o estudo poderá ajudar a prever quais mulheres passarão mais cedo pela menopausa e quando é necessário congelar óvulos de mulheres que sofrem de câncer no ovário.
"Uma melhor compreensão da dinâmica da reserva do ovário vai nos ajudar a prever quais crianças e jovens, que passaram por tratamento de câncer, têm um risco maior de menopausa precoce. Esses pacientes poderão se beneficiar ao congelar seus óvulos antes do tratamento de câncer", afirmou.

Só pra constar: ninguém desafia a minha fertilidade e sai impune. Vou engravidar a hora que eu quiser, de quantos filhos quiser, e estatística nenhuma vai me impedir!

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Curvas, velocidade e ACDC

Título super heavy metal esse, né? É, eu já fui heavy metal. Faz tempo. Adorava pegar a serrinha de Maresias a milhão com meu palio 1.4 nervoso. Já deixei muito marmanjo enjoado nas curvas daquela estradinha (taí o Pedro Dias Leite – uma das minhas vítimas – que não me deixa mentir). Irresponsável como quase todo mundo que acaba de tirar carta e ganhar independência para explorar o mundo no seu próprio carro, voltei várias vezes do Sirena para Cambury mais pra lá do que pra cá, correndo feito doida, com a certeza de que nada de ruim poderia me acontecer. Meu anjo da guarda era forte, graças a Deus, e realmente nada de ruim nunca me aconteceu. E, sim, eu era capaz de ouvir horas de horas de rock pesado e guitarras estridentes no último volume.
Neste feriado, no entanto, percebi que aquela menininha ousada, roqueira e rápida nas curvas não existe mais. Principalmente a parte roqueira. Aguentei dois minutos de ACDC em volume médio e já comecei a reclamar. “Que guitarra estridente! Como grita esse vocalista!”. O Danilo ainda insistiu, mas acho que a minha cara não estava de muitos amigos e ele achou melhor me deixar trocar o CD para algo mais calmo. Escolhi a trilha sonora do filme Crepúsculo. Até tem uns roquezinhos, mas nada heavy metal como o bom e velho ACDC.
Lóooogico que eu atribuí a rabugice à TPM, não ao fato de eu estar diferente por causa da idade. Até comentei com o Danilo que eu me irrito fácil quando estou na TPM. Ele concordou. Mas minha teoria caiu por terra quando chegamos à minha companheira de tantas aventuras, a tão conhecida e explorada serrinha de Maresias. Sério, entrei em pânico. O Dan não estava correndo mais do que o normal, mas a velocidade me deu arrepios. Pedi pra ele ir mais devagar, que estava rápido demais. Ele riu, porque conhece a estrada do avesso. E então, eu disse uma frase que nunca achei que fosse sair da minha boca: “O problema não é você, são os outros.” Só faltou dizer meu filho...
Isso é discurso de pai e mãe, né? Não deveria vir de mim, que ainda sou tão jovem. É, realmente, a cada dia que passa percebo nas pequenas coisas que a maturidade (me recuso a dizer velhice ou qualquer coisa que o valha!) está chegando pra mim também. De mansinho, generosa com a minha carinha ainda de criança, mas silenciosamente mudando o meu jeito de ser. Medo!

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Dia da Participação Especial

Convidei várias amigas para escreverem no blog esta semana, mas estão todas enlouquecidas com o trabalho. Então, recebi um e-mail da minha querida amiga, também balzaca, Carol Pasquali com uma foto da sua mais recente produção. Com vocês, Clara!




Isso é que é participação especial, hein? Tudo a ver com o meu momento quero-ser-mãe-mas-não-posso-agora-então-curto-as-filhas-das-amigas.
Beijo, Clarinha! Você fez o dia da tia Dani muito mais feliz (Dá pra ver pelo sorriso de orelha a orelha, né?).

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Alguém segura estes hormônios?

Sempre imaginei que um dia a maternidade chegaria para mim. Um dia. Cinco anos atrás, a possibilidade era remota. Muito, muito, mas muito mesmo distante da minha realidade. Claro que eu achava os bebês fofos, cuti-cuti da titia, mas na casa dos pais deles. Nem passava pela minha cabeça ter uma coisinha daquele tamanho dependendo de mim 24 horas por dia – e berrando na minha orelha! Longe de mim.
Anteontem, assistindo Marley & Eu pela décima vez (tá, tudo bem, gosto de filmes com cachorros, e daí?) me dei conta de que realmente alguma coisa mudou aqui dentro. Entre frases poéticas e sensíveis (ditas pelo Danilo, claro) como “afe, como chora essa criança!” e “se a gente tiver um cachorro assim eu mando sacrificar”, eu me vi pensando (e dizendo, o que é pior!) o seguinte: “Felicidade para mim é isso: filhos, um jardim e um cachorro”. Não pude ver o terror nos olhos do Danilo porque ele estava de costas, deitado no meu colo. Foi fofo até, me deu um beijinho. Mas no fundo deve ter pensado: “Senhor, minha mulher enlouqueceu!”
É, parece que o tal “grito dos hormônios” existe mesmo. Medo!!! É como se cada célula do meu corpo estivesse pulsando a maternidade. Cada vez mais tem sido difícil pra mim entregar as revistas Crescer que levo da editora para a minha irmã. Fico com elas “só mais um pouquinho”, afinal, conhecimento nunca é demais, não é mesmo? Fora que nenhum bebê passa despercebido por mim. Meus olhos captam a imagem e o “ai, que fofo” sai pela minha boca antes que eu consiga pensar. Bizarro. Até meu corpo mudou! Sério, meus quadris estão BEM mais largos, o que, segundo os mais velhos, é para ajudar na hora do parto normal...
Ah, só sei que ultimamente ando com a ideia fixa de ter um bebê e, racionalmente, sei que agora não é a hora. Falta grana, falta tempo, falta coragem. E fora isso tem um monte de outras coisas que me confundem a cabeça e me fazem perceber que ainda não é o momento. Preciso resolver um monte de outras questões dentro de mim antes de começar a tentar. E a primeira delas é se a canceriana protetora, família e maternal aqui vai conseguir voltar a trabalhar com um filho de 4 meses em casa.
Bom, pelo menos uma certeza eu tenho: quero muito ser mãe (já é alguma coisa, vá?). E vou ser, quando chegar a hora. Meus hormônios que se acalmem, porque desse mato, pelo menos por enquanto, não sai coelho.

Meus sinceros agradecimentos ao inventor da pílula anticoncepcional. Só ela salva!

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Dia da Participação Especial

Tenho muitas amigas na faixa entre os 30 e os 40 anos. Então, pensei: por que não pedir a elas que escrevam suas impressões sobre a vida balzaquiana? A ideia foi bem aceita e, portanto, instituí a sexta-feira como o Dia da Participação Especial, que começa já!
E para estrear com chave de ouro, publico o texto da minha grande amiga Tatiana Vasconcellos, âncora da Band News FM. Aproveitem!

Os 30 anos
Por Tatiana Vasconcellos*

Há 2 anos eu estava monotemática sobre meus 30 anos que se avizinhavam. Lia tudo o que já tinham escrito sobre a epopéia de se tornar balzaquiana -incluindo Lindas e Felizes Depois dos 30, pra aplacar a depressão. O tal do retorno de Saturno que, segundo dizem, te transforma por completo. A partir dos 30 você passa a ser regida pelo seu ascendente e não mais pelo seu signo. Você aprende a escolher melhor. Fica mais seletiva. Eu não sei se tudo isso aconteceu comigo, se eu me transformei em uma mulher madura pontualmente às 12 horas e 25 minutos do dia 6 de janeiro de 2008, tal qual a She-ra virava She-ra apontando a espada pro céu - suspeito que não. Não sei se hoje sou mais ariana do que capricorniana. Mas completar 30 anos me fez pensar e reavaliar tantas coisas sobre a própria vida. E me fez descobrir metade delas - o que, convenhamos, é uma boa média para um ser humano confuso e cheio de dúvidas. Eu estava mais velha e, sim, escolhendo melhor, muito mais exigente, num momento bom, feliz e importante da minha carreira, sendo recompensada melhor (financeiramente, inclusive) por isso, quase totalmente dona da minha vida e desfrutando do glamour que circunda o fato de se tornar uma discípula de Balzac.
Dois anos depois, recém saída do inferno astral mais uma vez, 32 anos recém completos, a única coisa que conseguia pensar é que o creme anti-rugas para a área dos olhos está acabando, preciso renovar a tintura para cobrir os fios de cabelos brancos que se multiplicam na velocidade da luz, preciso manter a regularidade mínima do exercício físico que me propus a fazer, acumulo 13 anos de carreira e parcas 4 cervejas são sinônimo de ressaca no dia seguinte. Eu realmente estou ficando velha. E sem o glamour que circunda os 30!

*Tatiana Vasconcellos tem 32 anos, é jornalista, colunista de cinema e âncora da BandNews FM.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Grisalha, eu?

Nunca antes na história deste país minha cabeça viu tantos fios brancos! Já faz um tempinho que notei o aumento indiscriminado, mas preferi fingir que nada estava acontecendo. O Danilo, meu marido, vivia puxando um ou outro fio e dizendo: “Nossa, você está cheeeeia de cabelos brancos!!!”, mas eu me fazia de surda. Depois, tentei culpar o estresse dos preparativos do casamento, que consumiram todas as minhas forças no ano passado. Tinha certeza de que já na lua de mel minha cabeleira voltaria a ser como antes. Mas a verdade é que estou ficando velha. Não supervelha, coroca, mas a idade já começa a dar alguns sinais. E os fios brancos são o mais evidente. A questão é: eu gosto do meu cabelo natural, não quero tingir! Lógico que já mudei a cor outras vezes: pintei de vermelho, de preto, fiz luzes. Mas foi por opção, não por necessidade!
Agora, me vejo obrigada a entrar na rotina chata de pintar os fios com frequência, passar horas no salão – que é a coisa que eu mais odeio no mundo – e ainda ter que mudar o meu castanho que eu tanto adoro (especialmente porque não posso mais ficar com ele). Fora a grana que vou gastar, né? Eu que economizo tanto para fazer coisas bacanas vou ter que deixar vários dinheiros no cabeleireiro. Que depressão!
Já que não tem jeito mesmo e eu não entendo necas de pitibiriba de tinturas e afins, alguém me indica o método mais eficaz, duradouro e menos prejudicial para tingir os cabelos? Porque se eu tiver que fazer hidratação também eu não respondo por mim!

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Stop this train

Tem dias que são difíceis, né? Dá vontade de fazer a mala, pegar o marido e partir pro mundo, sem destino. A vida adulta nos obriga a relevar tantas coisas que às vezes tudo o que eu quero é voltar a ser criança, quando minha única responsabilidade era passar de ano. É, tem horas que ser gente grande é muito chato e dá um medo danado de envelhecer sem ter sido plenamente feliz.
Mas como não sou boa de melodrama (a comédia me cai muito melhor), deixo o trabalho sujo para um dos meus músicos favoritos: John Mayer. Ele explica tudo pra vocês.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Mas que canalha!

Sempre fui noveleira. Acho que é porque minha mãe me proibiu de assistir as novelas das oito até eu fazer 11 anos. Ela dizia que as novelas não tinham nada a acrescentar à minha vida e que era melhor eu ler um livro. Verdade, mas e daí? Eu gosto de novela assim mesmo e não tenho vergonha de assumir. Assisto de tudo, de Silvio de Abreu a Walcyr Carrasco (menos Glória Perez, porque aí já é demais!). E se tiver barraco, melhor ainda. Isso vale também para minisséries de todos os tipos, o que não me deixou desgrudar os olhos de Dalva e Herivelto.
Eu já tinha ouvido falar sobre as brigas do casal, mas nunca imaginei que o Herivelto fosse tão pilantra. Vejam bem, o cara transava com qualquer coisa que se mexesse, tinha duas famílias e ainda cobrava fidelidade da Dalva? Hein??? Dava tapa na cara e tudo! (Pelo menos foi o que passou na tevê). E a tonta pedia perdão... E quando eu achei que o cafajeste fosse assumir as sacanagens e se desculpar, nada! Nem com a mulher entrevada em um hospital e implorando para vê-lo ele baixou a crista. Continuou dizendo que a sacana da história era ela. Ai, que raiva!
A minissérie acabou e eu fiquei indignada. Me deu um ódio uterino que eu precisava dividir com vocês. Porque tá cheio de homem canalha por aí e vários deles já passaram pelas nossas vidas, não é verdade? Não dá para não se colocar no lugar da Dalva. Mas taí mais uma coisa boa de ficar mais velha: a gente aprende com os erros – os nossos e o das mulheres que nos cercam. E pra nego conseguir enganar uma mulher mais experiente precisa ser muito, mas muito malandro mesmo. A Dalva era novinha demais quando conheceu o Herivelto, coitada. Não sabia nada da vida. Quando viu, já tinha dois filhos com ele, dividia a vida profissional. Fora que naquela época era melhor ser corna do que desquitada.
Que bom que os tempos mudaram, né? Acho que a gente não cai mais nessa, ainda mais depois de uma certa idade. Como diz minha amiga Tati Vasconcellos, os 30 nos deixam mais exigentes. Verdade. Antes sós do que mal acompanhadas.

Dalva em um dos vários flagras mostrados na minissérie. Em vez de tomar uma atitude, ela passou a vida sofrendo pelo Herivelto

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Pelas rugas

Hoje saí do banho disposta a escrever sobre a invasão das celulites na minha retaguarda. Mas mudei de ideia quando o elevador parou no oitavo andar e uma senhora de uns 60 anos entrou. Toda sorridente, ela foi logo me desejando um ótimo dia e começou a papear. Enquanto ela falava e sorria, seus olhos ficavam menorzinhos, pondo à mostra os pés de galinha que não deixavam dúvida de que aquela mulher já tinha sorrido muito na vida. Também aparecia aquela marquinha em volta da boca, o tal bigode chinês, prova irrefutável de que a senhora era mesmo uma sorridente inveterada. Fomos juntas até a porta do prédio e notei que ela cumprimentava e sorria para todas as pessoas que passavam.
Nos despedimos na portaria e eu fiquei pensando: é assim que eu quero ficar quando envelhecer. Não quero botox, não quero plástica. Quero deixar no meu rosto as marcas da minha personalidade e das coisas que vivi. Quero ser naturalmente linda como aquela senhora que, pelo visto, cultiva suas ruguinhas alegres com o orgulho de quem já viveu muita coisa boa. As minhas ainda não apareceram, mas quando chegarem, serão bem-vindas.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Quase lá

Ainda faltam seis meses para o meu aniversário, mas desde o ano passado tenho pensado bastante na chegada dos tais 30 anos. Não de uma maneira ruim, de jeito nenhum. Não tenho problema algum em envelhecer. Mas admito que me dá um medinho, sim, do que vou fazer da minha vida daqui para frente. Porque enquanto temos vinte e poucos anos, há tanto ainda para experimentar, para modificar. E a chegada dos 30 traz aquele pesinho sobre os ombros (pelo menos sobre os meus).
Quando me olho no espelho, não vejo a pessoa que imaginava nos meus sonhos de criança. Eu achava que, a essa altura, já teria pelo menos dois filhos pra criar, alguns livros publicados, seria mais velha mesmo, sabe? Mas a figura que reflete ali me parece ainda tão nova (Deus é pai!) e cheia de dúvidas. Será que quero mesmo esta profissão? Estou pronta para ser mãe nos próximos cinco anos? Vou conseguir conciliar a vida pessoal e a profissional com esses horários malucos de jornalista? Cadê meu jardim com cachorro???
Parte do meu sonho-de-infância-do-que-quero-realizar-aos-30-anos eu já realizei: estou casada, tenho casa própria, um carrinho na garagem. Mas ainda falta tanto! E o meu medo com a chegada aos 30 é: será que vou dar conta de me tornar a mulher que quero ser? E quem é essa mulher, afinal?
O lado bom é que vou descobrir tudo isso jovem ainda para mudar o que for preciso e experiente o suficiente para não cair nas roubadas dos vinte e poucos anos. Sabe o quê? Acho que essa aventura dos 30 tem tudo para ser bem divertida. Tomara!